Filho de brasileiros eleito deputado federal por NY admite mentiras no currículo
NOVA YORK - O filho de brasileiros eleito deputado federal por Nova York em novembro admitiu nesta segunda-feira, 26, que mentiu sobre o seu histórico profissional e acadêmico após uma denúncia do jornal The New York Times.
Após quase uma semana em silêncio, George Santos, de 34 anos, resolveu pedir desculpas aos eleitores.
"Meus pecados aqui são embelezar meu currículo. Eu sinto muito", disse a mais de um veículo de imprensa local.
Nunca foi para uma universidade
Durante a campanha, Santos disse que se formou no Baruch College em 2010. Agora ele reconhece que nunca cursou o Ensino Superior.
Não trabalhou em grandes bancos
O republicano também mentiu ao dizer que trabalhou no Citigroup e no Goldman Sachs. Após a revelação do The New York Times, o filho de brasileiros esclareceu que fazia parte da Link Capital, uma empresa que eventualmente fazia negócios com os bancos citados por ele.
Crime no Brasil
Além das mentiras, o The New York Times apurou que em 2008, quando George Santos tinha 19 anos e morava em Niterói, no Rio de Janeiro, ele roubou um talão de cheques do paciente que era tratado por sua mãe, que no Brasil é enfermeira.
Os autos do processo mostram que ele fez compras (inclusive um par de sapatos) com os cheques. Em 2010, Santos confessou os crimes, mas voltou para os EUA durante o processo que acabou sendo arquivado
Esse fato, porém, o republicano continua negando. "Não sou um criminoso aqui, nem no Brasil e nem em nenhuma jurisdição no mundo. De jeito nenhum, isso não aconteceu", enfatizou ao New York Post.
Sonho Americano
George Santos, nasceu e foi criado no Queens pelos pais que trabalhavam em setores populares entre imigrantes: faxina e construção. Ele se elegeu com a promessa de promover o "sonho americano", assim como aconteceu com ele.
Ele repetiu em diversas entrevistas que o sonho americano é dar oportunidades, garantindo educação de qualidade e abertura para que cada um possa seguir a carreira que deseja.
Entretanto, ele não esconde a admiração pelo ex-presidente Donald Trump, cuja gestão se destacou pelas políticas anti-imigrantes.
Democratas têm dito que ele deve renunciar antes mesmo de assumir, mas Santos afirma que não vê motivos para isso.
"Fiz campanha falando sobre as preocupações das pessoas, não sobre meu currículo... Pretendo cumprir as promessas que fiz durante a campanha", disse ao New York Post.
George Santos venceu Robert Zimmerman, que como ele é abertamente gay, na corrida pela vaga deixada pelo democrata Tom Suozzi no 3º Distrito do Congresso de Nova York, contribuindo para a retomada da maioria republicana no Congresso.
Punição
Caso Santos siga adiante com os planos de assumir o mandato no dia 3 de janeiro, ainda não está claro o que o Congresso vai fazer sobre Santos. Assim que for empossado, ele provavelmente será alvo de investigações éticas.
Mentir não é crime, mas Santos pode ter problemas reais se ele infringir qualquer lei de financiamento de campanha.
E há motivos para suspeitar disso: em sua declaração de bens de sua fracassada campanha de 2020, Santos declarou quase nenhum patrimônio e um salário anual de US$ 55 mil.
Já em sua campanha de 2022, sua declaração de bens apontava um salário anual de U$ 750 mil e vários milhões em ativos — mas nenhuma documentação explica esse salto. Não há detalhes públicos sobre a Devolder Organization, sua suposta "empresa familiar" que alegadamente administrava US$ 80 milhões em ativos, o que poderia ser uma violação da lei federal que exige a divulgação de qualquer compensação superior a US$ 5 mil de uma única fonte.
A Câmara dos Representantes só pode impedir candidatos de ocupar cargos se eles estiverem mentindo sobre sua residência no estado, idade e cidadania, de acordo com um caso já julgado pela Suprema Corte.
E os membros podem ser expulsos após assumirem o cargo por qualquer má conduta se dois terços da Câmara apoiarem a expulsão.
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