Golpistas transformam sonho americano em pesadelo


 

NOVA YORK – O desejo de realizar o sonho americano e obter o green card tem transformado muitas pessoas em vítimas de golpistas que oferecem facilidades ilegais como casamentos falsos e franquias de empresas de fachada. Essas fraudes movimentaram milhões de dólares nos últimos anos e agora muitos brasileiros estão no corredor da deportação após a revogação de seus status.

 

A venda de franquias de empresas frágeis não atende às exigências legais do governo americano para conceder o visto EB5, cujo processo exige um aporte mínimo de 800 mil dólares. Nos últimos anos diversas companhias foram montadas para atrair investidores com pouco capital, enquanto golpistas nos Estados Unidos e no Brasil captam pessoas interessadas no negócio, realizando reuniões geralmente em auditórios de hotéis. 

 

Em Orlando, na Flórida, uma empresa fechou as portas em 2020 depois de vender dezenas de franquias a brasileiros. Entre as companhias vendidas havia desde uma de pequeno porte para a coleta de fezes de animais em condomínios, comercializada a pouco mais de 50 mil dólares, até fabricantes de placas de energia solar. 

 

As vítimas na maior parte das vezes eram atraídas pela possibilidade de um investimento baixo e que seria capaz de legalizar todos os membros da família nos Estados Unidos num pacote completo: green card, trabalho e estabilidade.  

 

De acordo com o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS, em inglês), 2019 foi o ano com mais green cards emitidos para brasileiros: 19.825. Ainda de acordo com a agência de imigração, mais de 132 mil brasileiros receberam o direito à residência legal no país na última década.

 

MANCHETE USA apurou que os golpistas usavam até advogados no Brasil para sustentar a credibilidade das ofertas. E alguns desses profissionais depois passaram, inclusive, a oferecer a legalização nos Estados Unidos embora nenhum seja licenciado para exercer o direito no país. 

 

Para dar andamento aos negócios que começavam com as palestras no Brasil, os golpistas convidavam as vítimas para reuniões no escritório de Orlando onde eram fechados os contratos. Quanto mais dinheiro investido numa franquia melhor seria a rentabilidade mensal da família.

 

Como os processos são longos, as vítimas abriam seus negócios e trabalhavam na expectativa de o cartão de residente permanente chegar. Alguns investidores chegaram a manter suas empresas abertas por mais de cinco anos, mas após os primeiros golpes para burlar o Serviço de Imigração  serem descobertos, o Departamento de Segurança Interna começa a expedir para as vítimas as cartas de solicitação para deixarem o país. 

 

Agora nem green card e nem escritório para reclamações. Segundo um brasileiro que investiu próximo a 200 mil dólares, um dos donos do escritório que realizava as vendas é cidadão americano e se esquivava das cobranças ameaçando denunciar as vítimas como cúmplices do golpe. “Ele diz que tem gravações explicando que os riscos mas isso não é verdade porque jamais fomos orientados neste sentido”, afirma.

 

Assim como outros processos irregulares, essa fraude pode trazer consequências graves aos envolvidos, como a revogação do green card, a proibição definitiva de voltar aos EUA e multas muito elevadas.

 

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