Canadenses são condenados por golpes de pirâmide contra brasileiros

BOSTON – A DFRF Enterprises continua no olho do furacão das investigações sobre fraudes financeiras após a divulgação semana passada pela Comissão de Valores Mobiliários de British Columbia (BCSC), no Canadá, das penas impostas a três veteranos do mercado financeiro por captação ilegal de investidores para uma transação reconhecida oficialmente como pirâmide.

A BCSC condenou Sabrina Ling Huei Wei a pagar uma multa administrativa de 500 mil dólares canadenses e outros $CAN 90 mil ao BCSC, valor que ela obteve com o esquema. Já Justin Colin Villarin que deve pagar uma multa de $CAN 200 mil e James Bernard Law indiciado a pagar $CAN 150 mil.

Além das multas, Wei foi banida para sempre do mercado de investimentos, enquanto Villarin deve ficar fora do segmento por 25 anos e Law por 20.

Desde 2015 a Justiça tenta recuperar os mais de US$ 15 milhões retirados de 1,4 mil vítimas no Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e China. 

A DFRF promovia falsas operações de mineração de ouro na África e no Brasil e prometia grandes retornos, alegando que os investimentos estavam totalmente segurados. A empresa foi fundada por Daniel Fernandes Rojo Filho, cidadão brasileiro que ficou preso por três anos após ser capturado na Flórida em 2015. 

Para dar sustentação ao golpe até um banco suíço sem lastro comercial foi criado, embora sem sede, sem clientes e sem garantias fiduciárias, registrado apenas no endereço de uma caixa postal em Zurique. 

O FBI alega que Rojo Filho arrecadou quase US$ 15 milhões com investidores involuntários, incluindo pelo menos US$ 1,5 milhão de 137 moradores de British Columbia. Foi justamente nesta província canadense que o esquema de pirâmide da empresa foi denunciado há oito anos pela primeira vez, iniciando as investigações da polícia federal americana. 

Segundo os documentos das investigações do BCSC aos quais a MANCHETE USA teve acesso, os condenados sabiam da fraude e, ainda assim, continuaram promovendo e captando investidores. 

Durante o processo, os investigadores do BCSC se fizeram passar por investidores e compareceram a uma apresentação em um hotel no centro de Vancouver, onde os responsáveis pela DFRF prometiam “retornos extraordinariamente altos e sem risco em operações de mineração de ouro supostamente lucrativas no Mali e no Brasil”, revela um trecho dos documentos.

Nenhum dinheiro foi usado na mineração de ouro e foi provado que a DFRF apenas coletou fundos de investidores enganados. 

Logo após a apresentação em Vancouver, o BCSC emitiu um alerta sobre a DFRF, ressaltando que os discursos eram “característicos de fraude de investimento”.

E, nesta mesma ocasião, o esquema caiu no radar da Securities and Exchange Commission (SEC) de Massachusetts, iniciando as investigações que determinaram que a operação era  orquestrada por Daniel Fernandes Rojo Filho e alguns associados. A SEC caracterizou o negócio como um esquema Ponzi, popularmente conhecido como pirâmide.

Filho não usou nenhum dos fundos para mineração de ouro e os registros bancários mostram que a DFRF não tinha outras atividades comerciais legítimas. Muito pelo contrário, a SEC descobriu que o brasileiro usou mais de US$ 6 milhões do dinheiro dos investidores para despesas pessoais e compras de carros de luxo.

Na Corte federal de Boston, Filho foi condenado a devolver US$ 11 milhões e vários outros associados também indiciados foram atingidos por ações civis da SEC por fraude e venda de títulos sem registro. Alguns de seus sócios fugiram para o Brasil antes da condenação final, enquanto Daniel ficou detido numa penitenciária de Rhode Island por três anos e por seis meses num hospital psiquiátrico. 


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