Brasileiro pega prisão perpétua e amigos se mobilizam para ajudá-lo a pagar dívida com família da vítima

MANCHESTER - Após o brasileiro Anderson Pereira, 42 anos, ser sentenciado na semana passada à prisão perpétua por um assassinato cometido há mais de três anos em New Hampshire, amigos se mobilizam para ajudá-lo a pagar uma dívida com a família da vítima. 

Uma amiga admite que o homem errou e deve pagar pelo crime, mas questiona se ele agiu sozinho. "Eu sabia que aquela relação tóxica não ia acabar bem", opina. 

Pereira, pai de dois filhos,  foi acusado de homicídio de primeiro grau pela morte de Zak Charabaty (52 anos), esconder o corpo da vítima que era casado com sua ex-namorada e falsificar provas. Ele foi condenado por todos os crimes. 

Os advogados de defesa argumentaram que as evidências são circunstanciais e a arma do crime não foi apresentada. Eles também levantaram a tese de que o assassino seria Gabriel, o filho adulto de Flávia de Oliveira que deixou o relacionamento com Pereira para se  casar com Charabaty. 

Pereira ao ouvir a pena de prisão perpétua
                                                             (Foto: Reprodução/ TV) 

Durante as audiências, os promotores reconheceram que não há provas físicas - como impressão digital, sangue ou DNA - que colocam o acusado na cena do crime, mas destacaram que há evidências suficientes, como registros bancários, vídeos de câmeras de segurança, dados do celular e informações do UBER, para comprovar que Pereira esteve na casa da vítima na data do assassinato.

Em 17 de março, depois de três dias de deliberação e quase quatro semanas de julgamento,  os jurados consideraram que os indícios eram o bastante para incriminar o brasileiro. 

Na quarta-feira (5) Pereira voltou ao tribunal para ouvir o veredito de prisão perpétua sem direito a liberdade condicional. 

Ele também tem que pagar uma idenização de US$4 mil, além das despesas do funeral, para a família da vítima. O dinheiro pode ser descontado das horas trabalhadas na cadeia, mas amigos pretendem ajudá-lo, segundo relatos nas redes sociais. 

Já os familiares de Charabaty dizem que a sentença traz alívio e conforto, mas eles acreditam que ainda há muitas perguntas sem resposta. "Ele [Pereira] nos deve a verdade sobre tudo o que aconteceu aquela noite", desabafou a irmã Whib Charabaty.

Assassinato

Segundo os autos do processo, Charabaty foi atacado enquanto dormia em 12 de março de 2020 em sua casa em Mancheter (NH), enrolado nos próprios lençois, colocado em um saco plástico, amarrado com corda e barbante e enterrado em um terreno baldio em Methuen, no estado vizinho de Massachusetts.

O corpo de Charabaty só foi localizado em 20 de julho, quatro meses depois do assassinato.

Provas

A promotoria destaca que os dados do celular do réu e do relógio da vítima mostram que eles seguiram o mesmo caminho na noite do crime. 

A acusação se baseia ainda nas câmeras de segurança da rua que mostram um homem chegando à pé na casa de Charabaty tarde da noite. O carro da vítima deixou o local por volta de 1h30 da manhã do dia 13. 

Já o histórico bancário de Pereira mostra a retirada de mais de US$ 10 mil que foram transferidos para a Flórida através de transações Venmo no fim de março de 2020.

Na época, Pereira chegou a ser interrogado, mas um mandado de prisão contra ele só foi emitido em agosto de 2021 e sua prisão aconteceu em Kissimme, na Flórida, no mês seguinte. 

Outro suspeito

A defesa de Pereira alega que Charabaty e a esposa, Flávia de Oliveira, que é ex-namorada do acusado, tinham um relacionamento conturbado que se agravou com a chegada do filho da mulher, Gabriel, para morar com o casal. 

Em 7 de março de 2020, a vítima e Gabriel tiveram uma discussão acalorada.

Charabaty expulsou o jovem de sua casa e Flávia saiu com o filho. Eles foram para o apartamento de Pereira em Methuen (MA) com quem, segundo a investigação, a brasileira mantinha um relacionamento, incluindo encontros sexuais, durante o casamento. 

O advogado Theodores Lothstein mostrou ainda uma mensagem de Flávia para a tia em que diz "se eu ficar, é para [conseguir] os documentos de imigração". 

Nos dias seguintes, Charabaty e Flávia fizeram as pazes e o marido pediu para que ela e Gabriel voltassem para casa.

A vítima desapareceu na noite do 12 daquele mês. Seu último contato conhecido foi uma mensagem de texto de boa noite enviada para Flávia às 21h29.

Ela contou à polícia que ao chegar na residência na manhã seguinte, não encontrou Charabaty nem o caminhão usado para o trabalho. 


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