Trump se declara inocente de 34 acusações criminais em tribunal de NY

 WASHINGTON - O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se declarou inocente depois de ser acusado de 34 crimes, incluindo falsificação de registros comerciais para ocultar delitos, nesta terça-feira, 4, em um tribunal de Nova York. 

A acusação foi lida pelo juiz Juan Merchan no tribunal de Manhattan por volta das 14 horas, uma hora depois do magnata de 76 se entregar.

Durante a detenção, Trump não chegou a ser algemado e após os procedimentos legais, por volta das 15h15, ele deixou a corte e embarcou para o seu resort Mar-a-Lago na Flórida, onde deve fazer um discurso para os seus apoiadores por volta das 21 horas. 

Trump durante audiência nesta terça-feira
(Foto: Reprodução TV)

Acusações

Entre as acusações, está a denúncia feita pela ex-atriz pornô Stormy Daniels, que teria recebido US$ 130 mil de Michael Cohen, advogado de Trump. Ela teria recebido o dinheiro para não falar publicamente sobre um suposto "affair" com o agora ex-presidente.

"O povo do Estado de Nova York alega que Donald J. Trump falsificou repetida e fraudulentamente registros comerciais de Nova York para ocultar crimes (...) e que escondeu informações prejudiciais dos eleitores durante a eleição presidencial de 2016", afirmou Alvin Bragg, promotor distrital de Manhattan.

Segundo Bragg, o pagamento à atriz tinha como objetivo suprimir informações negativas sobre Trump para aumentar suas chances de vencer as eleições de 2016, o que acabou ocorrendo.

As acusações contra Trump são todas de "Classe E". Essa categora é a mais baixa para punições por crimes cometidos em Nova York - nesses casos, a pena máxima de prisão é de quatro anos por cada uma das acusações.

Stormy Daniels e Donald Trump

Stormy Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, disse em entrevistas à imprensa que conheceu Trump em um torneio de golfe beneficente em julho de 2006.

Ela alegou que os dois fizeram sexo uma vez no quarto de hotel dele em Lake Tahoe, uma área de resorts entre a Califórnia e Nevada. Um advogado de Trump negou "veementemente" na época.

"Ele não parecia preocupado com isso. Ele foi meio arrogante", disse ela em resposta a um jornalista que perguntou se Trump havia pedido a ela para não comentar sobre a suposta noite que passaram juntos.

A esposa dele, Melania Trump, não estava no torneio e tinha acabado de dar à luz.

Em 2016, dias antes da eleição presidencial americana, Daniels contou que o advogado de Trump, Michael Cohen, pagou a ela US$ 130 mil para comprar seu silêncio sobre o caso.

Ela disse que aceitou o valor porque estava preocupada com a segurança da sua família.

Daniels afirmou que foi ameaçada jurídica e fisicamente para ficar em silêncio.

Em 2011, pouco depois de concordar em dar uma entrevista à revista In Touch sobre o caso, ela contou que um homem desconhecido se aproximou dela e da filha pequena em um estacionamento em Las Vegas e disse a ela para "deixar Trump em paz".

"Essa garotinha é linda. Seria uma pena se algo acontecesse com a mãe dela", ela se recordou dele dizendo, durante uma entrevista para o programa 60 Minutes, da CBS, em 2018.

A entrevista para a revista In Touch só seria publicada na íntegra em 2018.

Antes do episódio do 60 Minutes ir ao ar, uma empresa de fachada ligada a Cohen ameaçou Daniels com um processo de US$ 20 milhões, argumentando que ela havia quebrado o acordo de confidencialidade (NDA, na sigla em inglês).

Daniels disse ao programa da CBS que estava arriscando pagar uma multa de um milhão de dólares ao falar em rede nacional, mas "era muito importante" poder se defender publicamente.

Manifestantes

Dezenas de simpatizantes de Donald Trump se reuniram em frente a um tribunal no sul de Manhattan nesta terça-feira (4), onde o ex-presidente republicano será julgado por denúncias criminais, enquanto opositores o acusam de mentir e pedem sua prisão.

Membros da divisão de assuntos comunitários do Departamento de Polícia de Nova York estavam a postos no local enquanto apoiadores de Trump, muitos usando chapéus com o slogan "Make America Great Again" e roupas enfeitadas com a bandeira americana, gritavam insultos contra os opositores.

No entanto, a maior parte do entorno do tribunal foi ocupada por jornalistas, atentos diante da acusação inédita contra um ex-presidente dos Estados Unidos em audiência marcada para as 14h15 locais (15h15 no horário de Brasília).

Trump era esperado no local no início da tarde para procedimentos preliminares e depois, para enfrentar as acusações relacionadas a um suborno para comprar o silêncio, durante a campanha às eleições presidenciais de 2016, de uma atriz pornô que afirmava ter tido um relacionamento íntimo com ele.

Os manifestantes contrários a Trump desfilavam com uma grande faixa com a mensagem "Trump mente o tempo todo" e gritavam "Prendam-no!", enquanto apoiadores do republicano agitavam uma faixa estampada com as palavras "Trump ou Morte".

George Santos, um congressista republicano de Nova York acusado de mentir para chegar ao cargo, fez uma breve aparição no parque onde a deputada de extrema-direita Marjorie Taylor-Greene está realizando um comício pró-Trump.

A enfermeira aposentada Paulina Farr contou que viajou do subúrbio de Long Island até a cidade "(para) mostrar apoio ao nosso presidente Trump", disse.

Farr comentou que esteve presente na invasão do Capitólio - sede do Congresso do país - em Washington, em 6 de janeiro de 2021, ao lado de partidários de Trump. No entanto, chamou o protesto de terça-feira de "extremamente diferente" e prometeu seguir em frente.

"Sabemos a verdade. Não tenho medo", completou.

Campanha

Aos 76 anos, Trump segue como um dos favoritos à indicação republicana para as eleições presidenciais de 2024, embora as acusações, ainda sigilosas, que serão divulgadas na terça-feira ameacem questionar sua viabilidade como candidato.

O empresário também está usando o caso para mobilizar sua base de apoio e arrecadar milhões de dólares para sua campanha eleitoral.

Durante as manifestações, um apoiador de Trump tentou rasgar uma bandeira do grupo opositor, situação em que a polícia precisou atuar.

"Fui atacada várias vezes", disse Laurie Biter. A mulher de 64 anos, que protestava contra o republicano, comemorou as acusações contra ele, mas acrescentou que "não é apenas uma acusação que é apresentada ao tribunal".

"É uma acusação que nós, como pessoas de bom senso, temos de apresentar", comentou.

(Com Agências)

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