Polícia encontra brasileira de 17 anos desaparecida há 23 dias em Washington D.C.
WASHINGTON - A polícia encontrou a brasileira Manuela Keller Cohen, de 17 anos, que estava desaparecida há 23 dias, confirmaram as de Washington DC.
A adolescente estava em uma cidade de Maryland - a cerca de 30 minutos da capital dos Estados Unidos, mora com os pais Bruno Cohen e Sofia Keller. A polícia deve fornecer mais detalhes sobre a investigação à família nesta quinta-feira, 14.
Manuela foi localizada após as conversas nas redes sociais serem rastreadas pela polícia com a colaboração da Meta, empresa que controla Facebook e Instagram.
Bruno afirma que a filha está bem fisicamente, mas muito abalada emocionalmente. "Eu e Sofia [a mãe] agradecemos imensamente todos os esforços para encontrá-la", disse.
"O sentimento é de alívio, eu já tinha pensado o pior. Foi o renascimento dela. Hoje faz exatamente seis anos que nos mudamos para cá", contou o pai da jovem à Folha de S. Paulo.
Desaparecimento
Manuela saiu de casa na tarde do dia 20 de novembro, sem celular ou chaves, com o compromisso de voltar em duas horas. Os pais registraram o desaparecimento da menor na mesma noite.
No dia seguinte, Manuela enviou uma mensagem de texto de um novo número dizendo que estava com amigos e que precisava de um tempo para si. Manuela afirmou estar em Baltimore, em Maryland, a cerca de uma hora de Washington, mas não informou a identidade de quem a acompanhava.
"Eu só estou muito abalada e preciso de um tempo para mim", escreveu a jovem, de acordo com a mãe Sofia Keller. "Ela ainda falou ‘não posso falar com vocês agora, estou com muita dor de cabeça e não consigo pensar em nada. Preciso focar em mim e prometo que vou voltar melhor. Não vou ficar muitos dias, e amanhã eu ligo’".
Os pais tentaram ligar para o telefone, sem sucesso.
A policial de plantão também fez uma tentativa, mas a jovem apenas respondeu por mensagens de texto e enviou uma foto, como prova de que estava bem. A imagem foi usada pelas autoridades nos cartazes de desaparecimento.
Problemas com Drogas
A família se mudou de Brasília para a capital americana no final de 2017, quando Manuela tinha 11 anos. De acordo com Sofia, a jovem se adaptou rapidamente ao novo país.
Há cerca de três anos, no entanto, a jovem começou a enfrentar problemas com depressão e ansiedade, e iniciou um tratamento. No final do ano passado, a situação se agravou, quando os pais descobriram que a filha estava usando fentanil, um opioide sintético até cem vezes mais potente que a morfina.
Em tempo: A droga pode ser usada sob prescrição médica no tratamento de dores intensas, mas o uso ilegal se tornou um problema de saúde pública nos EUA. Altamente viciantes, opioides sintéticos são, hoje, a causa mais comum de mortes por overdose no país.
Logo após a descoberta do problema da jovem com drogas, os pais a internaram em uma clínica de reabilitação, onde ela permaceu em janeiro e fevereiro deste ano.
De acordo com Sofia, Manuela não entendia no início por que havia sido internada e sentia muita raiva dos pais, mas com o tempo mudou de comportamento e se engajou no tratamento.
Em março, porém, ela teve uma recaída que resultou em uma overdose. A jovem contou que recebeu a droga de um amigo, com quem, segundo os pais, ela mantinha um relacionamento pelo menos ao longo do último mês.
Por orientação médica, mãe e filha retornaram ao Brasil, onde ficaram de abril a setembro, período que Manuela teria chance de se distanciar do ambiente que estava lhe fazendo mal.
Desaparecimento
Mas no dia anterior ao desaparecimento, Sofia e o marido decidiram tirar celular de Manuela para evitar que ela falasse com o amigo que havia lhe fornecido drogas.
Sem contato com a filha, Bruno e Sofia conseguiram acessar as mídias sociais da jovem e descobriram que ela estava se relacionando com o homem de 21 anos com quem conseguiu substâncias ilícitas no passado. Eles teriam conversado até o dia em que a adolescente desapareceu.
Segundo os pais, os amigos da Manuela confirmaram o namoro e garantem que ela sempre estava acompanhada do jovem que trabalha como entregador de comida.
O suposto namorado, um salvadorenho que não foi identificado, negou à polícia o relacionamento amoroso e afirmou ser apenas amigo da adolescente e desconhecer o seu paradeiro.
As autoridades não informaram se as conversas rastreadas que levaram ao paradeiro de Manuela envolviam o homem suspeito.
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