Brasileiro de 11 anos enfrenta processo após tiro com arma de ar comprimido
VIRGÍNIA - O desfecho de uma briga envolvendo dois meninos culminou com a prisão temporária de um brasileiro de 11 anos, identificado como Bernardo, agora também proibido de ir à escola na Virgínia. Após acertar o colega com uma arma de ar comprimido, a criança enfrenta um processo criminal.
Bernardo e o menino atingido pela BB Gun eram amigos e estudavam na mesma escola desde 2019. Os dois se tornaram ainda mais próximos quando a família do Rio Grande Norte, que mora há sete anos nos Estados Unidos, se mudou para a casa em frente à residência do colega em meados do ano seguinte.
Segundo Karla Martins, mãe de Bernardo, os garotos "começaram a ter desentendimentos que eram sempre contornados". Mas uma discussão durante uma partida de basquete em frente de casa terminou em caso de polícia em junho.
Karla conta
que Bernardo discordou do colega que partiu para cima do filho enquanto ela e o
marido, Bruno Gallindo, não estavam em casa. As câmeras de segurança da residência brasileira mostram Bernardo pedindo que o amigo se afastasse e dizendo que não queria briga.
Mesmo assim o
colega pegou uma pá na garagem da família brasileira que estava aberta e avançou em direção a Bernardo que se refugiou dentro de
casa. Segundo Karla, as filmagens mostram o vizinho batendo nas portas e janelas
com o objeto.
O vizinho voltou à garagem e pegou uma arma de compressão, conta Karla. Na sequência disparou contra Bernardo que desviou. O brasileiro também resolver atirar com um BB Gun e acertou a sobrancelha do garoto.
Os pais celebram a soltura de Bernardo (Foto: Redes Sociais) |
A defesa
alega que a arma era de brinquedo e o menino usou para se defender das agressões.
Em depoimento, Bernardo disse que não tinha a intenção de machucar o colega, queria
amedontrá-lo para que fosse embora.
Há uma
semana, Bernardo chegou a ser detido e passou a noite em uma cela isolada num
presídio infantil. Ele foi liberado no dia seguinte, 12 de março, para
responder ao processo em liberdade, mas deve voltar ao tribunal em 10 de abril.
O CONFLITO
Após ser
atingido na sobrancelha, o vizinho correu para chamar o pai que foi até a casa
dos brasileiros. A situação ficou tensa entre as famílias e os brasileiros
decidiram se mudar para evitar mais conflitos.
No dia da
mudança, em 28 julho de 2023, a mãe do garoto atingido afirmou que os pais de Bernardo
teriam que arcar com os custos hospitalares decorrentes do ferimento. Mas Karla ressalta
que o débito era da fatura do plano de saúde.
Os brasileiros
chegaram a transferir US$500 para os vizinhos, mas foram orientados por advogados
a não prosseguir com os pagamentos diante das ameças de acionar a polícia e o Serviço
de Imigração (ICE) caso não honrassem o compromisso.
O novo
endereço não foi suficiente para encerrar o conflito. Os dois garotos continuaram
a estudar na mesma escola ainda que a família americana tenha acionado a direção
e os professores. “Disseram que o meu filho era um deliquente”, relata Karla.
A mãe conta
que ao deixar o Open House da escola em setembro, o ex-vizinho a seguiu.
Ela mudou o trajeto para que não descobrissem onde moravam.
Nos dias
seguintes, o homem começou a seguir
Bernado ao sair da escola e no terceiro dia de perseguição o brasileiro teve
que se abrigar em uma bicicletaria. O menor foi orientado pelo proprietário a procurar
uma delegacia.
O menino de
11 anos foi até a polícia sozinho. “Ele me avisou que estava indo por
orientação do comerciante que assistiu o vizinho xingando o meu filho de dentro
do carro. A polícia só liberou Bernardo após eu e meu marido também prestarmos
depoimentos e nos deram uma ordem de proteção temporária.”
Cinco dias
depois, em 24 de outubro, as duas famílias esse encontraram na Corte. Na véspera, entretanto, o ex-vizinho voltou a seguir Bernardo o que culminou em uma
ordem de prisão.
No dia 5 de
novembro, diz Karla, a polícia deteve o americano. “Ele resistiu à prisão, mas
foi levado à delegacia e liberado logo depois. No dia seguinte ele ligou para a
corregedoria da polícia para reclamar e atirou contra si mesmo ainda durante a
ligação.”
Após o suicídio
de uma das partes envolvidas, o processo da ordem de restrição foi arquivado.
Mas Karla alega que a família ainda temia uma retaliação e sua advogada pediu a
reabertura do caso. Um acordo de paz entre as famílias encerrou o processo dias
depois.
Mas,
passada uma semana, a ex-vizinha quebrou a aliança e entrou com a ação criminal
pela qual Bernardo foi detido por 24 horas.
SERVIÇO: A família criou uma página de doações para ajudar nos custos judiciais e hospitalares de Bernardo no Go Fund Me.
Comentários
Postar um comentário