Brasileira do Texas alega perseguição após demissão da Câmara

 HOUSTON - Morando no Texas há sete anos, a brasileira Edimara Pasionato Dal Pozzo foi demitida na última semana pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, mas alega que está sendo vítima de perseguição e que segue todas as exigências previstas na legislação do Brasil. Além disso, a ex-servidora defende que seu trabalho pode ser feito de maneira remota, portanto sem a necessidade de morar em Brasília.

Em entrevista à Manchete USA, Dal Pozzo confirmou ter mudado para os Estados Unidos em 2017 para acompanhar os filhos, na ocasião com 7 e 11 anos, após pedir licença não remunerada na Câmara. 

Edimara Pasionato Dal Pozzo foi demitada por abandono de cardo
Edimara se mudou para os EUA com a família em 2017 (Foto: Reprodução BT)

De acordo com os registros de Edimara na Câmara, ela trabalhava no Legislativo federal desde 2011 e com salários de R$ 19,2 mil por mês até fevereiro de 2018. Em março daquele ano, recebeu R$ 2,6 mil quando foi dispensada da função e já morava fora do país.

Os relatórios oficiais mostram que a servidora voltou a receber em setembro até novembro de 2022 o valor de R$ 20,9 mil por mês. Novos pagamentos foram efetuados em abril e maio do ano passado, R$ 22,5 mil e R$ 11,1 mil, respectivamente.

Segundo Edimara, esses valores são referentes a licenças e férias. Ela conta que em setembro de 2017 saiu de licença de capacitação, quando veio estudar inglês nos EUA. 

“Os valores que recebi em março de 2018 e entre setembro de 2022 e maio de 2023 são referentes a três anos de férias acumuladas aos meses de licença médica remunerada garantidos por lei”, observa.

A administradora diz ainda que passou por todos os procedimentos, inclusive por avaliação de uma junta médica no Brasil, para fundamentar o pedido de afastamento por motivos de saúde. O benefício foi concedido pela Justiça e pago em abril e maio do ano passado. 

Em março de 2018, Edimara entrou com um pedido de afastamento por motivos pessoais sem direito à remuneração. Ela acompanha o marido, um funcionário da Procuradoria Geral da República, que trabalha de modo remoto no Texas.

Em nota à Manchete USA, o Ministério Público esclarece que “é possível, em casos de interesse da Administração, acompanhar cônjuge ou quando um servidor com conhecimento ou experiência relevante para a instituição iria pedir licença não remunerada e, para não perder a força de trabalho, é concedido o trabalho à distância”.

A reportagem tentou contato com o gabinete de Lira e com a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados, mas não obteve retorno até a publicação dessa matéria. 

Formada em administração pública, Edimara afirma que é portadora green card através do EB2-NIW, visto que contempla trabalhadores estrangeiros que possuem habilidades avançadas em suas áreas de atuação. “Comecei a trabalhar nos EUA em 2022, inclusive para custear os processos judiciais e  garantir os meus direitos,” destaca.

Segundo um texto publicitário publicado no jornal Brazilian Times em dezembro daquele ano, Edimara lançou a Star All Insurance Group LLC, descrita com a primeira empresa de seguros brasileira no Texas que também atendia Flórida, Arizona, Utah e Virgínia.

Hoje, ela está à frente da Royal Eagle Insurance em Katy, também no Texas.

Edimara trabalhou no Supremo Tribunal Federal antes de passar no concurso público para a vaga no Legislativo em 2008 e assumiu o cargo três anos depois. O último cargo ocupado pela servidora na Câmara foi o de chefe da seção de Gestão de Recursos Audiovisuais da Coordenação de Engenharia de Telecomunicações e Audiovisual, do Departamento Técnico da Casa.

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