Governo Biden reforça restrições de asilo para imigrantes nos EUA

 WASHINGTON - A Casa Branca divulgou essa semana um endurecimento das regras de imigração nas fronteiras ao sul dos Estados Unidos numa tentativa de mostrar ao eleitorado uma postura mais firme em relação aos imigrantes.

As atualizações das medidas anunciadas em junho passaram a valer a partir da terça-feira, 1º, e restringem ainda mais os pedidos de asilo.

Nos últimos três meses, os migrantes só podiam receber asilo americano quando as autoridades considerassem que a fronteira não estava sobrecarregada. Isso levou ao limite de travessias por dia para 2.500; quando esse número era ultrapassado, as solicitações eram bloqueadas e só poderiam ser retomadas quando as travessias ficassem limitadas a um patamar de 1.500 ao dia durante uma semana. 

Desde ontem, o número máximo de 1.500 travessias precisa ser mantido por 28 dias para que só então as restrições sejam suspensas.

(Foto: AFP)

A nova versão das regras divulgada na segunda-feira, 30,  ainda afirma que todas as crianças na travessia serão contabilizadas. Até então, somente as provenientes de México e Canadá entravam na estatística.

Segundo a agência de notícias Reuters, a vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, teria apoiado uma restrição ainda mais difícil de ser derrubada. O governo Biden não aceitou. 

A imigração é uma das principais questões para os eleitores que, em novembro, deverão decidir entre Kamala ou Donald Trump, ex-presidente e candidato republicano abertamente conservador e linha-dura no tema.

Com as mudanças, fica ainda mais difícil que os imigrantes possam entrar legalmente nos EUA e solicitar asilo. Os ativistas pró-imigração já haviam se posicionado de maneira contrária às decisões em junho, já que elas minariam a garantia de proteções vitais aos migrantes.

O governo de Biden, no entanto, afirma que as restrições tiveram êxito em reduzir fortemente o número de pessoas que chegam à fronteira sul do país.

Kamala Harris

Em visita à fronteira dos EUA com o México na terça-feira, Kamala Harris propôs várias mudanças no sistema de imigração para mitigar o problema das entradas ilegais e da demora nos processos de asilo. Entre as propostas está a proibição de asilo a migrantes que não façam o pedido legalmente em pontos de entrada e que atravessem a fronteira sem autorização. 

Outra medida é agravar as consequências criminais para quem entre ilegalmente, seja deportado e volte a entrar. “Temos de reformar o nosso sistema de imigração para garantir que funcione de forma ordeira, humana e torne o nosso país mais forte”, disse Harris, em Douglas, no Arizona.

A democrata também quer expandir os centros de processamento de pedidos de asilo nos países de origem dos migrantes, criar uma forma de legalizar aqueles que já estão há vários anos sem criar problemas nos EUA e manter as proteções aos que chegaram ao país ilegalmente em criança.

 A vice-presidente dos EUA prometeu recuperar e assinar o pacote legislativo que falhou a aprovação no Congresso a pedido de Trump, e que incluía a contratação de mais 1500 agentes de patrulha na fronteira.