Violência armada por motivos fúteis mata mais que massacres nos EUA

WASHINGTON - Uma série de tiroteios por motivos banais nos Estados Unidos chamaram a atenção nos últimos dias e deram força ao alerta dos especialistas que afirmam que esses incidentes matam e ferem mais do que ataques em massa. 

Segundo o Gun Violence Archive, só em 2023 já foram 165 massacres a tiros e milhares de incidentes menores.

Cerca de 50 pessoas morrem e cerca de cem ficam feridas todos os dias no país devido a incidentes com armas de fogo não relacionados a suicídio.

Os massacres com muitas vítimas "recebem atenção extra", mas representam apenas cerca de 6% do total de lesões e mortes.

Em vez disso, muitas histórias são como a de Ralph Yarl, um adolescente negro de 16 anos do Missouri que oi baleado por um homem branco após tocar a campainha da casa dele por engano em 13 de abril.

Ou a de Kaylin Gillis, uma jovem de 20 anos baleada e morta em 15 de abril, quando ela e os amigos pegaram por engano a entrada errada no Estado de Nova York e um proprietário abriu fogo contra o carro deles.

Ou a de duas cheer leaders, alunas do ensino médio, que se aproximaram do carro errado em um estacionamento do Texas em 18 de abril, levando o homem que estava dentro do veículo a sair e começar a atirar, ferindo gravemente uma delas.

Ou de uma menina de seis anos e do pai na Carolina do Norte, que foram baleados em 18 de abril depois que a bola de basquete deles caiu no quintal do suposto atirador, segundo a polícia.

E essas são apenas as histórias que tiveram repercussão nacional nos últimos 15 dias. 

"A violência armada atinge todas as comunidades de alguma maneira ou forma, mesmo que tenha menos visibilidade do que um grande massacre a tiros", afirma Kelly Drane, diretora de pesquisa do centro jurídico do grupo Giffords, de prevenção à violência armada.

"Pareceu muito real para muita gente esta semana: a violência armada acontece em nosso país todos os dias."

Alvo

Nem todas as comunidades americanas são afetadas igualmente; os negros morrem em decorrência de armas de fogo em taxas mais altas do que qualquer outro grupo racial ou étnico nos EUA. 

Mas as mortes relacionadas a armas de fogo aumentaram acentuadamente entre crianças negras e hispânicas durante a pandemia de Covid-19, aponta uma pesquisa da Kaiser Family Foundation.

Os disparos acontecem em meio a debates cada vez mais polarizados sobre o acesso e uso de armas de fogo nos Estados Unidos. Os defensores do direito às armas pedem menos restrições para a compra, uso e porte de armas de fogo, enquanto os defensores da segurança em relação às armas continuam a pressionar por regras que limitem o acesso às mesmas.

A Segunda Emenda da Constituição dos EUA garante aos americanos o direito às armas de fogo e respalda a discussão no Congresso.

Os conservadores acreditam que o aumento da criminalidade é causada por uma crise de saúde mental. Por outro lado, os liberais apoiam uma regulamentação mais rígida sobre as armas.

O fato é que enquanto não há um esforço para solucionar o problema mais pessoas vão morrer. 

De 1 de janeiro a 20 de abril,  já foram 12.719 óbitos em incidentes de violência armada, de acordo com dados fornecidos pelo Gun Violence Archive. 

Desde 13 de abril, dia em que Ralph Yarl tocou a campainha da casa errada, foram registrados 845 incidentes relacionados a armas de fogo nos EUA, deixando 743 feridos e 328 mortos.


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