Ex-PM condenado por chacina no Ceará é preso em New Hampshire

 RYE - O Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) dos Estados Unidos confirmou a prisão do ex-policial militar Antônio José De Abreu Vidal Filho, de 29 anos, na segunda-feira, 14. O cearense era alvo de um alerta vermelho emitido pela Interpol após ser condenado a mais de 270 anos de prisão por matar pelo menos 11 pessoas em uma chacina em Fortaleza há quase oito anos. 

De acordo com o ICE, Vidal Filho foi “preso sem incidentes” em Rye, New Hampshire. Ele aguarda a audiência com um juíz de imigração. 

A 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza e o Ministério da Justiça e Segurança Pública deram início aos trâmites para a extradição do foragido.

Chacina do Curió

Segundo o Ministério Público do Ceará, entre a noite e madrugada dos dias 11 e 12 de novembro de 2015, 11 pessoas foram assassinadas em bairros da Grande Messejana, em Fortaleza — tragédia que ficou conhecida como “Chacina do Curió”. 

A denúncia oferecida pelo MPCE divide os crimes em nove episódios, que aconteceram em locais e horários próximos.

As mortes foram motivadas por vingança, em uma ação articulada por policiais militares que estavam de serviço e também de folga, conforme afirma o MPCE.

“Horas antes da chacina, o soldado PM Valtermberg Chaves Serpa fora morto após reagir a um roubo contra a esposa dele, caracterizando latrocínio. Esse crime aconteceu em um campo de futebol no bairro Lagoa Redonda, também na capital”, explicou a promotoria.

Defesa

Vidal Filho no momento da prisão (Foto: Cortesia ICE) 

Em entrevista à rede de TV CNN, no Brasil, o advogado de defesa de Vidal Filho,  Delano Cruz, relatou que seu cliente, que estava há quatro meses na Polícia Militar  quando o massacre ocorreu, não participou do crime.

“Ele não tinha arma e o exame residuográfico de parafina em suas mãos deu negativo, ou seja, ele não atirou. Ele não foi filmado durante as execuções e também possui um álibi, que foi uma multa que aponta o mesmo horário e local distante dos crimes”, explicou.

O julgamento de Vidal Filho ocorreu em 25 de junho e o advogado solicitou a nulidade do processo após a sentença ser deferida. 

“Estamos aguardando o julgamento da apelação por conta do cerceamento de defesa que houve na ocasião. Foram exatos 37 minutos e 50 segundos para a sustentação oral de cada parte. Entendemos que, realmente, não havia como discutir o processo com os jurados em um tempo tão exíguo”, destacou o profissional.

A defesa também informou que contatou um advogado de imigração  para acompanhar a situação do brasileiro no país. Segundo Cruz, em 2019, Vidal Filho se mudou para os Estados Unidos para acompanhar a esposa, que decidiu cursar uma pós-graduação e estudar inglês.

Primeiro julgamento

Vidal Filho, Wellington Veras Chagas, Ideraldo Amâncio, Marcus Vinícius foram os primeiros de 34 PMs julgados e condenados pela "Chacina de Curió". Cabe recurso, mas eles devem cumprir a pena, inicialmente, em regime fechado e tiveram a prisão provisória decretada.

Outros dois julgamentos da Chacina do Curió já estão marcados. No próximo dia 29 de agosto, está previsto que mais oito acusados venham a julgamento. Já em 12 de setembro, serão mais oito. 


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